quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Sobre a Inclusão...

Outra questão há ser pensada no que se refere à inclusão, é o modo como estão sendo pensadas e dirigidas as políticas educacionais. Percebemos um distanciamento da obrigação do estado para com a educação, são empregados cada vez menos recursos e vemos também um aumento em avaliações, que tem a finalidade de avaliar a educação pública, assim, vemos que o estado está perdendo o papel de provedor, mas continua sendo regulador, como descreve Michels. De acordo com a LDBEN, para que a inclusão aconteça realmente, é preciso alguns recursos, como por exemplo, um trabalho que envolva vários profissionais, o professor capacitado que é quem vai trabalhar diretamente com os alunos e o professor especializado, que é quem vai pensar e planejar atividades a serem desenvolvidas pelo professor capacitado. Prevê também a existência de salas com recursos, para enriquecer o trabalho desenvolvido em sala de aula. O que vemos, no entanto, na realidade da grande maioria das escolas públicas, não está nem perto disso. Nas escolas estaduais, por exemplo, não se consegue nem mesmo um professor a mais para auxiliar na sala de aula onde existam alunos com necessidades físicas, por exemplo. Outro ponto importante é a formação dos profissionais de educação, no Brasil, muitos professores ainda tem apenas o ensino médio, muitos que lecionam disciplinas específicas, não tem a formação adequada. A partir do fim da década de noventa, percebemos um aumento na oferta de cursos de graduação, o que não é garantia total de atualização e aperfeiçoamento da classe, pois muitos são os cursos de qualidade duvidosa, que oferecem um diploma em pouco tempo, com poucas atividades que permitam a reflexão.
Vemos então que são vários os fatores que podem possibilitar que a inclusão realmente aconteça, ou seja, não é apenas seguir regras e métodos, muito mais que isso, é preciso analisar cada situação e pensar nos recursos existentes para que se consiga proporcionar um ambiente educativo onde sejam respeitadas todas as diferenças e que estas sirvam de meio para um enriquecimento, onde todos são contribuintes no processo e não espectadores somente.
Pensar em Inclusão, faz com que nos questionemos como deve acontecer a avaliação, sabemos que é impossível medir o conhecimento, mesmo assim estamos tão presos aos conceitos antigos do que é avaliar e mais presos ainda nas formas de avaliação. A avaliação que acontece nas escolas, ainda serve para quantificar, para mostrar quem sabe mais ou menos. È necessário que essa visão seja completamente modificada, é preciso enxergar cada aluno, o seu crescimento dentro da sua individualidade, pois a escola não pode ser mais uma formatadora de trabalhadores, ela precisa proporcionar o desenvolvimento do ser humano num sentido mais amplo, respeitando as diferenças de cada um. Como fala Ana Carolina Christofari.
“Nossos conhecimentos se tornam saberes quando conseguimos relacioná-los com as nossas experiências construídas nas relações interpessoais e, nesse sentido, qualquer forma de avaliação da aprendizagem dos alunos se torna arbitrária, pois, dificilmente, algum instrumento ou método utilizado para essa ação irá contemplar todas as possibilidades de relações construídas no ato de produção do conhecimento “.
Penso que a avaliação deve acontecer para entender o processo da aprendizagem, ver onde pode ser modificado e não como uma forma de saber se os alunos já sabem ou não, exatamente porque, cada conhecimento só faz sentido para cada indivíduo de acordo com a assimilação que este faz entre os novos conhecimentos e os que já possui.
Frente a essas implicações é preciso que aconteça uma mudança no agir do professor em sala de aula. Esta deve ser um espaço onde exista a troca de idéias, o espaço para o diálogo, o debate, pois somente assim é possível conhecer pontos de vista diferentes do seu. É preciso que o aluno sinta-se parte fundamental do processo de aprendizagem, onde aprende e ensina, assim como o educador também deve perceber-se.

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