quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A velhinha e as sementes

Um homem morava numa cidade grande e trabalhava numa fábrica.Todos os dias ele pegava o ônibus e viajava cinqüenta minutos até o trabalho.À tardinha, fazia a mesma coisa, voltando para casa. No ponto seguinte ao que ele subia, entrava uma velhinha, que procurava sempre sentar na janela.Ela abria a bolsa, tirava um pacotinho e passava a viagem toda jogando alguma coisa para fora do ônibus. Um dia, o homem reparou na cena. Ficou curioso. No dia seguinte, a mesma coisa, e nos outros dias também.Certa vez, o homem sentou-se ao lado da velhinha e não resistiu:- Bom dia desculpe a curiosidade, mas o que a senhora está jogando pela janela?- Bom dia - respondeu a velhinha -, jogo sementes...- Sementes?... Sementes de quê?- De flor. É que eu viajo neste ônibus todos os dias. Olho para fora e a estrada é tão vazia... Gostaria de poder viajar vendo flores coloridas por todo o caminho... Imagine como seria bom.- Mas a senhora não vê que as sementes caem no asfalto, são esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas pelos passarinhos... A senhora acha que essas flores vão nascer aí, na beira da estrada?- Acho meu filho. Mesmo que muitas sejam perdidas, algumas certamente acabam caindo na terra e com o tempo vão brotar.- Mesmo assim, demoram muito para crescer, precisam de água...- Ah, eu faço a minha parte. Sempre há dias de chuva. Além disso, apesar da demora, se alguém não jogar as sementes, as flores nunca vão nascer.Dizendo isso a velhinha virou-se para a janela aberta e recomeçou o seu trabalho". O homem desceu logo adiante, achando que a velhinha já estava meio "caduca". O tempo passou. Um dia, no mesmo ônibus, sentado à janela, o homem levou um susto...Olhou para fora e viu, na beira da estrada, margaridas, hortênsias azuis, rosas, cravos, dálias. A paisagem estava colorida, perfumada, linda. O homem lembrou-se da velhinha, procurou-a no ônibus e... nada! Acabou perguntando por ela para o cobrador, que conhecia todo mundo.- A velhinha das sementes? Pois é, morreu de pneumonia no mês passado. O homem voltou para o seu lugar e continuou olhando a paisagem florida pela janela e sentiu uma lágrima correr pelo rosto e um sorriso desabrochar em sua face. "Quem diria, as flores brotaram mesmo...Mas, pensando bem, de que adiantou o trabalho da velhinha?A coitada morreu, e não pôde ver esta beleza toda pela qual ela fora responsável..." - pensou o homem. Nesse instante, ele escutou atrás de si uma gostosa risada de criança. Num banco logo atrás, uma garotinha apontava pela janela, entusiasmada:- Olha, mamãe... que lindo! Quanta flor pela estrada... Como se chamam aquelas azuis? E as branquinhas?Então o homem entendeu o que a velhinha tinha feito... Mesmo não estando ali para contemplar as flores que tinha plantado, ela devia estar feliz, afinal, tinha dado um presente maravilhoso para as pessoas. No dia seguinte, o homem entrou no ônibus, sentou-se numa janela e, com um sorriso maroto nos lábios, tirou um pacotinho do bolso. (Autor desconhecido)

Aprender trocando

Lendo Maturana, percebi que ele tem muitos pontos em comum com a teoria de Erickson, como a compreensão de que tudo que vivenciamos, as escolhas que tomamos, irão refletir em nossa vida. Maturana fala mais sobre o lado social do indivíduo, de como as relações que temos com outras pessoas podem influenciar nossas vidas. Muitas pessoas acreditam que não precisam de outras, o que é um engano. Essas pessoas podem deixar de emocionar-se e perder muitas coisas boas em suas vidas. Tão importante quanto o meio que vivemos, as experiências que vivenciamos é a troca com o outro, na aprendizagem temos um exemplo claro do que Maturana diz, geralmente aprendemos com mais facilidade com alguém por quem simpatizamos, gostamos. Ele fala tb do poder que todo ser vivo tem de estar sempre em movimento, chamado autopoiese. A teoria de Maturana fala sobre a importância das trocas entre os seres vivos, pois somos todos parte de um único sistema e portanto cada um é importante e depende do outro.

Lutar é preciso

Sou professora nomeada pelo estado desde 2000, sou filiada ao CPERS Sindicato. O problema primordial nesse país é que a educação não é vista como a base de tudo. Os governos iludem a população com promessas de resoluções de problemas, como a saúde e a segurança, fazendo com que todos não percebam que um povo sem educação, sem cultura, nunca crescerá de verdade. Concordo com o que a colega Zilá escreveu e me sinto revoltada e também culpada por toda a situação que estamos vivendo em nosso estado. Nós professores tínhamos que estar todos em greve, mas sentimos medo, medo de não recebermos nosso dinheiro no final do mês, medo do que pode vir a acontecer, infelizmente mudanças só acontecerão se nós mesmas lutarmos por isso...as mudanças começam pela base, não vem de cima. Existe um plano de carreira, que não funciona, temos um baixo salário, faltam profissionais nas escolas e estamos vivenciando agora um momento de retrocesso na educação do nosso estado, onde pessoas que não entendem nada de educação querem empurrar \"goela abaixo\" projetos pedagógicos comprados, vindos de fora do estado, quer adotar medidas para avaliar e premiar as escolas e os professores que conseguirem boas notas, não levando em consideração as diversas realidades que são encontradas de região para região, escola para escola...é um absurdo, revoltante! E pior que isso é que estamos aceitando tudo quietas, precisamos tomar atitude(falo isso pra mim mesma!) afinal só seremos valorizadas como profissionais da educação quando nós mesmas nos valorizarmos e lutarmos para participar de todas as decisões que dizem respeito ao nosso trabalho.

Conselhos Educacionais

Penso que a educação brasileira já deu muitos passos importantes para alcançar uma melhor qualidade. O fato de termos conselhos que fiscalizam as verbas destinadas à educação já é algo que colabora para que os recursos não sejam desviados, como acontecia bastante em outros tempos. Porém, penso que esses recursos ainda são poucos para que a educação pública no Brasil consiga atender as necessidades da população, de acordo com a realidade social em que vivemos. No caso da merenda escolar, penso que demos um grande passo.
Atualmente, a verba é repassada diretamente para as escolas, o que melhorou muito a qualidade da merenda escolar, pois é possível comprar alimentos mais de acordo com as preferências das crianças, observando costumes regionais e clima, por exemplo. Além disso, os alimentos são sempre de boa qualidade, fresquinhos e entregues no dia de seu consumo, no caso dos perecíveis. Existem também órgãos que visitam as escolas a fim de observar se todas estão regularizadas e as merendeiras têm encontros com nutricionistas e técnicos para melhorar cada vez mais a qualidade da merenda. A merenda escolar é uma parte importante na educação recebida nas escolas públicas, pois é um complemento na alimentação dos alunos.
Porém, ainda há vários “setores” em que a educação precisa ser melhorada, ainda existe muita burocracia no repasse de verbas para as escolas. Claro que é importante ter um controle, afinal trata-se de dinheiro público, mas penso que poderia ser mais simplificado, como por exemplo, uma verba única que poderia ser administrada pela escola, de acordo com as suas necessidades. Além disso, a verba é insuficiente, para atender a todas as necessidades que a escola necessita.

PPP e Regimento Escolar

Através da leitura do texto: organização Curricular da escola e avaliação da Aprendizagem, O regimento e o PPP de nossa escola percebo que temos uma boa construção escrita de como fazer a educação, porém, na prática não colocamos tudo o que está explícito em nosso PPP. Percebo que na escola onde trabalho, há muitas pessoas com boa vontade, que se esforçam para fazer o seu melhor, ao mesmo tempo vejo colegas desanimadas, que não acreditam mais no poder da educação, além de tudo isso a falta de alguém que possa direcionar o grupo num mesmo caminho, que traga motivação e união ao grupo contribui para que a escola tenha muitas dificuldades. Nosso PPP foi construído por todos, fizemos às pressas, lendo o material que havia chegado na escola, tentando adequá-lo à nossa realidade, é claro que todos têm a intenção de que os alunos aprendam e de que sejam cidadãos conscientes e felizes, mas há uma série de fatores que fazem com que ainda haja uma longa distância entre as intenções de nosso PPP e aquilo que acontece na prática docente. Enquanto a educação não for prioridade para todos nesse país, não conseguiremos mudar a sociedade e tudo que é reflexo dela. Passamos agora por eleições municipais e vimos nas campanhas prioridades como a saúde e a segurança, ora, a educação deveria ser prioridade em primeiro plano, pois, somente a partir dela podemos sanar todas as outras dificuldades que acontecem no país. Tendo educação básica de qualidade para todos, teremos um povo mais culto, consciente de que todo ato tem uma reação. Penso que o que pode fazer a diferença nesse momento da educação no Brasil, são os professores, que devem acreditar no poder que têm em seu trabalho, somos formadores de opiniões, e temos um papel importante sim. Se quisermos que nossa profissão seja valorizada por toda a sociedade, devemos começar por nós mesmos dando ao nosso trabalho a verdadeira importância que este tem. Leis e normas são muito importantes, pois asseguram a integridade, a unidade do trabalho, mas se as ações tomadas não forem condizentes com o que está escrito, então de nada adianta ter no papel uma bela proposta, norma ou projeto. E como dizia uma frase que ouvi essa semana “de leis o Brasil está cheio”, porém o que vemos é que muitas delas não são nem conhecidas, quanto mais respeitadas. A educação é a única solução para tornar nosso mundo um lugar melhor pra se viver. Quanto a avaliação, temos em nossa escola a proposta de que esta deve ser contínua, feita em todos os momentos, também não usamos mais as notas e sim parecer descritivo, o que na minha opinião facilita, pois é possível avaliar o crescimento do aluno de uma forma mais justa.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Aprendizagens na vida adulta.

Ser considerado adulto é algo relativo, pode variar entre as culturas sociais, ou até em conceitos. Assim também ocorre com a aprendizagem. Cada pessoa aprende do seu jeito, no seu tempo, dependendo da realidade que está inserida (classe social, econômica, cultura) e também das suas aprendizagens anteriores, daquilo que já vivenciou, experimentou e aprendeu. Portanto, acredito que todas as pessoas, nas variadas idades, têm seu tempo, ninguém aprende ao mesmo tempo.
Crianças aprendem relacionando-se com o outro e com o mundo a sua volta, em relações interindividuais, os adultos também aprendem com a interação com outras pessoas e com o mundo que os rodeia, porém, além disso, “interage” com suas idéias e conceitos já formados, suas opiniões sobre tudo que está a sua volta, são relações transindividuais.
O universo adulto é rodeado por idéias sobre o mundo, sobre ele mesmo e sobre as suas idéias, estamos constantemente racionalizando o que conhecemos de novo. “A educação é um processo em que a criança ou o adulto convive com o outro e, ao conviver com o outro, se transforma espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz progressivamente mais congruente com o do outro” (Maturana).
Penso que as relações professor-aluno trazem muitas aprendizagens, o próprio convívio pode levar à reflexão e transformar as idéias, tanto do professor, quanto do aluno. Como professora, percebendo minha trajetória profissional, percebo que já amadureci muito com a prática, principalmente no modo de conviver com os alunos. Não adianta o professor estudar, se especializar se não aprender há conviver com seus alunos, não colocar em prática seus conhecimentos e avaliar o que realmente funciona.
O ser humano está em constante transformação e está sempre crescendo e amadurecendo, mesmo assim, nada garante que um dia saberá conviver com os outros de forma perfeita e muito menos que aprenderá tudo. Acho que com o tempo acabamos ficando mais serenos e entendemos que a beleza da vida está em buscar sempre novos conhecimentos e continuar sempre a aprender.

Educação: Responsabilidade de todos.

Nosso país é organizado de uma forma federalista, ou seja, temos municípios que fazem parte de um estado e esses por sua vez fazem parte de um país, sendo que, o país deve zelar pelo bem de todas as “federações”, assim como os municípios e estados devem fazer a sua parte, de acordo com suas funções para que o país progrida.
Da mesma forma está organizada a educação, pelo menos no papel. A legislação deixa claro as funções dos municípios, estados e do país, dizendo o que compete há cada um no que diz respeito à educação pública, assim o país deve ser responsável pela educação superior, o estado deve priorizar o ensino médio e os municípios o ensino fundamental e a educação infantil. Diz a lei também que todos os âmbitos devem estar unidos em prol do bem da educação, que mesmo que não seja necessário ofertar algum nível de ensino, ele deve ser garantido. Por exemplo, o estado, não é obrigado há ofertar o ensino fundamental, nas séries iniciais, mas deve garanti-lo e criar condições para que este seja oferecido pelo município ou até mesmo oferecê-lo, se necessário.
Assim há uma descentralização do poder, várias esferas do governo podem tomar decisões, claro, sempre respeitando a constituição. É uma forma mais democrática de governar, pois assim, o governo fica mais próximo do povo e consegue observar as necessidades, as características que a sua região tem. Num governo democrático, em um país tão grande, é uma forma de garantir a unidade de todo o estado. Assim sendo, também no que diz respeito à educação deve-se seguir os mesmos preceitos. Segundo a legislação os estados devem assegurar o ensino fundamental e oferecer o ensino médio com prioridade. Os municípios devem oferecer o ensino fundamental e educação infantil, podendo oferecer educação em outros níveis de ensino quando supridas as necessidades básicas. O estado (país) deve zelar por estados e municípios e garantir a oferta de educação.
Porém, vemos muitas contradições entre a lei e a prática. Trabalho em uma escola estadual e vejo que ao invés de colaboração, existe um empurra-empurra de responsabilidades e podemos ver até muitas irregularidades. O município mantém uma escola que oferece ensino médio, sendo que muitas crianças esperam na fila por vagas em creches. A prefeitura não vê as escolas estaduais como parte do município, pois quando há eventos as escolas estaduais raramente são convidadas. A coordenadoria também não vê as escolas municipais como parte das responsabilidades do estado. Nem mesmo as verbas são respeitadas, está estabelecido em lei quando deve ser destinado à educação da renda de municípios, estados e do país e a verba que vem do estado não está sendo paga por completo. Enfim, são vários absurdos cometidos contra a educação. E para que as coisas comecem há funcionar como são previstas em lei cabe há todos nós fiscalizarmos o que está sendo feito e exigir que todos assumam compromisso com a educação do nosso país, seja em âmbito municipal, estadual ou federal. Pois somente com uma educação de qualidade seremos uma nação soberana, com cidadãos dignos que valorizam o trabalho, a livre iniciativa e o pluralismo político, enfim, viveremos uma real democracia.

Democratização da educação e gestão democrática.

Para que aeducação seja realmente democrática, é necessário que ela seja um direito garantido para todos e que seja construída por todos. É preciso que haja a democratização da educação, ou seja, que todos tenham garantido o direito de uma educação pública e de qualidade, como também que essa educação seja construída com a participação de todos, ou seja, através da gestão democrática.
A democratização da educação visa garantir a todos o direito à educação, porém, não pressupõe a participação efetiva dos envolvidos diretamente no processo educativo.
Na gestão democrática da educação todos têm o direito de decidir os rumos que serão tomados para o bem de todos. É indispensável que haja a participação de todos em todos os âmbitos educacionais, para que juntos possam exigir do estado condições para funcionar com autonomia e qualidade.
Observando o mapa conceitual da gestão democrática educacional no Brasil, percebo que em minha escola já temos muitas dessas atitudes. Trabalho em uma escola estadual de ensino fundamental de séries iniciais, a prestação de contas é feita sempre de modo que todos possam tomar conhecimento dos gastos, além disso, são realizadas muitas reuniões para que todos decidam juntos onde serão gastas as verbas. A escola conta com o CPM que representa a comunidade escolar e que atua nas decisões administrativas da escola. No campo pedagógico, penso que ainda temos algumas coisas há mudar. Temos muitos pontos positivos, pois são feitas reuniões onde os pais tomam conhecimento do modo de trabalho e dos conteúdos, porém eles não têm acesso ao PPP na íntegra. Além disso muitas decisões vêm de cima, sem que os professores possam decidir em conjunto o que fazer.
A escola é aberta para a comunidade sempre que necessário e todos são tratados com respeito e tem acesso às informações que procuram.
Penso que o ideal seria que todos pudessem opinar em todas as decisões e que a vontade da maioria sempre prevalecesse, todos poderiam receber informativos mensais dos rumos que a escola está tomando, decisões, gastos, projetos. Além disso, seria interessante renovar o PPP para que se adequasse às necessidades que vão surgindo.
A gestão democrática é um passo importante que precisa ser vencido pela escola, pois assim poderemos formar pessoas capazes de decidir, de construir juntas uma escola, uma sociedade melhor. È um meio, também, de fazer com que a democracia realmente aconteça nesse país.