Não tenho experiência na prática pedagógica com jovens e adultos, conheço um pouco desta realidade por ter uma colega que trabalha com uma turma de EJA, e agora, com as leituras, discussões e reflexões que pude realizar durante este semestre nesta interdisciplina. Penso que para trabalhar com alunos jovens e adultos, ou seja, “não-crianças” é necessário estar muito ciente de toda a história que esse aluno traz, pois tratam-se de pessoas que tem histórias de vida bastante distintas e com todas as demandas que a vida adulta lhes impõe.
Assim, acredito que o professor de EJA necessita ter um perfil apropriado para conduzir esse trabalho, é necessário muito mais que saber “ensinar”, é preciso trabalhar de um modo que o aluno sinta-se parte do processo de aprendizagem, entendendo o seu poder na sociedade em que vive, ou seja resgatar sua auto-estima, para que ele acredite em si mesmo e que muito mais que querer aprender, pode também buscar seus conhecimentos, construí-los. O aluno adulto em especial, pois pode sentir-se inferior aos outros por não ter estudado na época certa e por acreditar que tem menos capacidade que as outras pessoas, é preciso, então que o professor propicie momentos de reflexão sobre a sociedade em que eles vivem, momentos em que possam mostrar as suas leituras de mundo, as suas histórias de vida e também oportunidades de conhecer visões diferentes da sua, para que assim, a partir dessas interações possam construir novas aprendizagens. Encontramos dois tipos de aluno no EJA, os jovens, que muitas vezes desistem por ainda não enxergar os estudos como forma de melhoria de suas condições de vida, ou por terem outros interesses e o aluno adulto que pode procurar o estudo por vários motivos, como a oportunidade de conseguir um emprego melhor, ou manter o seu e também como forma de sentir-se mais independente na sociedade, de ter poder total sobre a sua vida sem depender de outros para poder comunicar com o mundo letrado. Especialmente os alunos adultos encontram muitas dificuldades em ingressar ou continuar seus estudos, por vários motivos, muitos não voltam a estudar por vergonha, por sentirem-se muito velhos para estarem freqüentando a escola, sendo que essa é vista como local destinado a crianças, ou por medo de não conseguirem aprender, sentindo-se inferiores as outras pessoas, afinal a escola tem uma linguagem própria, como nos diz Marta Kohl de Oliveira e nem sempre os alunos estão apropriados dessa linguagem e sentem-se excluídos. Muitos participam ativamente da vida em comunidade, porém sentem-se excluídos por não conseguirem ler. Sabemos também que a grande maioria destes alunos precisa trabalhar durante o dia, para sobreviverem e manterem suas famílias, o que também tende a desmotivá-los a freqüentar a escola, pois além do cansaço físico, geralmente a escola não oferece a motivação necessária para que sintam prazer em estudar e continuar nos estudos.
A escola precisa estar atenta para as realidades desses alunos para que possa trabalhar de uma maneira que motive esses alunos a continuarem estudando e perceberem que é uma grande conquista estarem estudando e uma forma de crescerem enquanto seres humanos e cidadãos.
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